História dos serviços

Os Serviços Florestais iniciaram a sua atividade no concelho do Nordeste no ano de 1952. Este foi um acontecimento que se veio a demonstrar como de elevada relevância no que concerne ao desenvolvimento de diversos aspetos da organização territorial e da vivência das populações desta área da ilha de São Miguel. No conhecimento científico do território e do seu ordenamento, na implementação de novas técnicas agroflorestais e no impacto socioeconómico na estrutura social de um concelho desde sempre isolado, apresentaram-se sempre os Serviços Florestais como agentes de preponderante intervenção.

Edifício onde ficou instalada a primeira sede da Administração Florestal do Nordeste
Figura 1 – Edifício onde ficou instalada a primeira sede da Administração Florestal do Nordeste
Implementação do Projeto de Arborização
Figura 2 – Implementação do Projeto de Arborização

O Projeto de Arborização do Perímetro Florestal de São Miguel

O Plano de Povoamento Florestal, aprovado pela lei n.º1:971, de 15 de Junho de 1938, previa que fossem tornados extensivos às Ilhas Adjacentes os estudos e a execução de projetos especiais de arborização. Em 1948 é criada a Circunscrição Florestal de Ponta Delgada, pertencendo à Administração Florestal do Nordeste a responsabilidade da implementação do Projeto de Arborização do Perímetro Florestal de São Miguel (1954), nos seguintes Núcleos:

Núcleo Florestal Freguesia Concelho Área Baldia (ha)
Serra da Tronqueira​ ​Nordeste, Fazenda, Santo António Nordestinho e Achada ​Nordeste ​3140
Água Retorta​ ​Água Retorta Nordeste ​21,2
Achadinha​ ​Achadinha Nordeste ​197
​Lomba de São Pedro ​Fenais da Ajuda ​Ribeira Grande ​18
Área total: ​3376,2

A grande “novidade” deste projeto é que tinha na sua essência, não só preocupações ambientais, protecionistas e economicistas, mas também um grande cuidado como bem-estar das populações:

  • A arborização deveria ser uma fonte de trabalho remunerado;
  • Deveria o processo de arborização permitir a conservação de áreas de material combustível para uso das populações;
  • Deveriam ser instaladas pastagens de qualidade, para arrendar aos lavradores que mais necessitavam.

Os primeiros trabalhos remunerados decorreram no mês de Agosto do ano de 1952, tendo sido gastos 165$00 em cerca de 11 jornais de “trabalhadores prestando serviço como informadores para o estudo do projeto de arborização dos baldios da Serra da Tronqueira”. Nos anos seguintes e, especialmente na década de sessenta, o número de trabalhadores aumentou progressivamente, chegando a trabalhar nos diversos núcleos e cantões cerca de 600 homens, mulheres e crianças com a 4.ªclasse.

Repovoamento Piscícola
Figura 3 – Repovoamento Piscícola
Plantação na Serra da Tronqueira
Figura 4 – Plantação na Serra da Tronqueira

Caracterização dos trabalhos realizados

As principais realizações do Serviço Florestal do Nordeste durante os primeiros dez anos da sua existência dividiram-se entre, a criação de reservas de vegetação, a execução de repovoamentos piscícolas e trabalhos na área da cinegética, a realização de captação e abastecimento de água, a construção de casas para guardas e abrigos de pessoal, a construção de bebedouros para gado, a instalação de viveiros e plantações, a transformação de matos em pastagem, a plantação de cortinas de abrigo, a conservação e tratamento de pastagens, e a construção e reparação de caminhos rurais e florestais.

Aspeto dos trabalhos iniciais da florestação da Serra da Tronqueira
Figura 5 – Aspeto dos trabalhos iniciais da florestação da Serra da Tronqueira (1956)
Tipo / Realização Importância Dispendida (escudos)​
​Captação e abastecimento de água ​115 141$40
Construção de 20 edifícios​​ ​​583 000$10
​Construção de bebedouros para gado ​134 266$90
Plantações​​ ​2 368 452$30
​Transformação de mato em pastagens​ ​2 514 766$00
​Construção e reparação de Caminhos Florestais ​5 686 350$30
Replantações​ ​222 973$80
​Total (escudos): ​11 624 950$00
Sementeira de criptoméria em viveiro
Figura 6 – Sementeira de criptoméria em viveiro
Figura de caminho com recurso a maquinaria pe​sada
Figura 7 – Figura de caminho com recurso a maquinaria pe​sada