Catrina

Identificação da Entidade Gestora do Livro Genealógico

Entidade Gestora do Livro Genealógico da Raça Catrina

Associação de Criadores de Gado Catrina

TERINOV –Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira| 9700-702 Angra do Heroísmo

Tel: (+351) 295 249417| E-mail: [email protected]

Informação sobre a raça

História e Evolução

A raça bovina Catrina tem o seu solar na Ilha Terceira onde se encontra extremamente bem-adaptada às condições edafo-climáticas de zonas de média/alta-altitude, enquadrando-se em sistemas de produção de baixo impacto ambiental, promovendo a conservação dos valores naturais de biodiversidade, evitando o abandono de áreas agrícolas pobres e de difícil acesso, contribuindo para a manutenção dos elementos caracterizadores da paisagem agrícola tradicional humanizada.

Estima-se que as raças portuguesas introduzidas nas ilhas por volta de 1427 tenham sido a base genética das populações bovinas açorianas sendo, pelo que não seria de esperar que houvesse uma definição das raças tão clara como atualmente, haveria sim, tipos predominantes com uma associação filogeográfica (Paula Nogueira, 1900)

No caso da raça Catrina, esta, diferenciou-se das restantes populações bovinas, em particular do gado bravo, pois embora fosse utilizada em manifestações taurinas, dado o seu temperamento resultante do regime de liberdade e de natural abandono em que viviam, os seus caracteres eram distintos da raça brava e simultaneamente distintos dos bois mansos da ilha Terceira (Paula Nogueira, 1894).

A origem do nome Catrina, à semelhança da origem das populações que povoaram as ilhas, apresenta teorias diversas. Segundo o lavrador Francisco Sousa, o nome Catrina teve origem num toiro de seu bisavô Senhor João de Sousa (Cadelinha), que foi vendido a um Senhor apelidado de “Catrina” do Porto Judeu, ficando assim o touro conhecido por “Catrina Velho”. Este animal, foi utilizado para “cobrir muitas vacas locais que deram boas crias que se passaram a designar por “Catrinas”, cuja caraterística era uma mancha branca junto à virilha” (Aranda e Silva, 2006) e à semelhança do restante gado da época (1910-1920) foi corrido à corda.

Embora o nome Catrina só tenha aparecido no início do século XX, é uma denominação sobejamente conhecida no mundo rural da Ilha Terceira. Significa um tipo de gado bovino que se dissipa nos tempos do povoamento da ilha, é sinónimo também do gado da terra, do gado de curral ou gado de cima, visto habitar nas zonas altas da ilha e ser fechado diariamente, graças ao seu temperamento arisco, em currais, para ser ordenhado de manhã e de tarde ser integrado em atividades agrícolas e/ou lúdicas, demonstrando as suas aptidões múltiplas (leite, trabalho e lazer).

Atualmente, o efetivo total da raça é de cerca de 39 fêmeas em linha pura e 12 machos registados, no entanto existem ainda outros animais por genotipar/registar, distribuídos maioritariamente no concelho de Angra do Heroísmo, em freguesias como Santa Barbara, São Bartolomeu, entre outras com grandes zonas de pastagens de média/alta altitude.

Partindo do pressuposto que as raças autóctones são um “ativo vivo”, património cultural e genético do país, é essencial preservá-las, pois para além de pertencerem ao ecossistema da região e sendo fundamentais para o equilíbrio da biodiversidade animal, são também um importante efetivo para a sustentabilidade ambiental e socioeconómica com o desenvolvimento de boas práticas alimentares (produzindo produtos e subprodutos de elevada qualidade) e preservação das atividades culturais.

 

Características Gerais

A raça Catrina destaca-se pela sua rusticidade que advém das condições em que vivem, em zonas de média/alta-altitude e regime alimentar com reduzido valor nutritivo, maioritariamente em pastagens seminaturais em que são criadas, pressupondo-se um elevado aproveitamento forrageiro, enquadrando-se em sistemas de produção de baixo impacto ambiental. Embora vivam em zonas média/alta altitude a sua alimentação é regular.

Face às suas características morfológicas podemos definir como um animal ágil, astuto, bem musculados, no entanto sem elevada deposição de tecido adiposo e de cascos rijos e resistentes.

  • Rusticidade
  • Facilidade de parto
  • Longevidade produtiva
  • Boa reprodutora para utilização como linha materna
  • Aptidão de carne
  • Boa capacidade leiteira

 

Sistema de produção

Enquadrando-se em sistemas de produção de baixo impacto ambiental, face às condições naturais do arquipélago dos Açores, caracteriza-se por um regime de pastoreio ao longo de todo o ano, maioritariamente em zonas de alta-altitude com um regime alimentar com reduzido valor nutritivo, em pastagens seminaturais.

Reprodução: normalmente por cobrição natural, com touro próprio, em sistema contínuo.

 

Padrão da Raça

  1. Corpulência e conjunto de formas – Tamanho pequeno, tipo eumétrico de perfil longilíneo.
  2. Pelagem – Vermelha/Preta Bragada, Preta, Rosilho Mil-Flores, Vermelha/Preta Malhada e Malhada de Vermelho/Preto e Castanha riscada. Comumente com uma malha branca bem definida na fronte e por vezes na virilha.
  3. Andamentos – Fáceis, enérgicos e corretos e elásticos.
  4. Temperamento – Nervoso.
  5. Adaptabilidade – Muito rústico.
  6. Cabeça – Bem desenvolvida e com um tamanho considerável, de forma acentuadamente piramidal, perfil ligeiramente convexo, de fronte ampla, chanfro comprido. Os cornos são de tamanho considerável, com secção elíptica, de cor branco sujo com as pontas pretas, saindo quase horizontalmente para os lados para descrever depois uma linha côncava para cima. Orelhas bem inseridas e providas de pelos compridos, especialmente no bordo superior.
  7. Pescoço – Curto, bem ligado, com barbela pouco desenvolvida.
  8. Região dorso-lombar – Reta, horizontal, regularmente pouco musculada e com boa ligação à garupa.
  9. Tronco e Garupa – Peito pouco profundo, costado arredondado e amplo, espádua bastante desenvolvida, garrote pouco saliente e largo, garupa comprida e um pouco descaída, ampla e arredondada.
  10. Cauda – Fina e de média inserção.
  11. Úbere – Bem implementado, com inserção reta. Os tetos são grossos e de comprimento reduzido.
  12. Membros – Finos, curtos, fortes, providos de unhas lisas e rijas.