No âmbito do programa da Secretaria Regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural “Naturalidade da Terra – Açores Bio21”, o primeiro Fórum da Agropecuária Biológica já percorreu as ilhas das Flores, da Graciosa, da Terceira, do Pico e do Faial.
Promovido pela tutela, liderada por António Ventura, e estabelecido em parceria com a Federação Agrícola dos Açores, a Trybio – Associação de Produtores e Consumidores de Agricultura Biológica e a BioAzórica – Cooperativa de Produtos Biológicos, este é um programa que pretende capacitar, diferenciar e qualificar o sector agropecuário Açoriano, promovendo os valores do equilíbrio, do bem-estar, da saúde, do autoabastecimento alimentar e do regresso à terra com respeito por todas as gerações passadas, presentes e futuras.
A realização deste Fórum tem como principais objetivos, promover uma discussão alargada sobre agricultura e pecuária biológicas juntando produtores, técnicos, investigadores e consumidores, associações e cooperativas, indústria, distribuição, comércio e serviços públicos e privados.
Por outro lado, pretende criar uma rede regional de cooperação, conhecimento e capacitação, assim como divulgar a investigação e fomentar a inovação quer na agricultura biológica quer na transformação e valorização dos respetivos produtos.
Sensibilizar, informar, formar e capacitar para o modo de produção biológico, bem como apresentar e promover os produtores e produtos biológicos dos Açores, são outras das diretrizes desta iniciativa.
Nessa linha, o encontro tem por objetivo, ainda, incentivar a autonomia alimentar dos Açores, a economia circular, a bioeconomia, os circuitos curtos de comercialização, assim como promover a qualidade do ambiente, de vida, a saúde, a prevenção e o combate à doença e o equilíbrio social, contribuindo para mitigar os grandes desafios globais como as alterações climáticas e as crises sanitárias
Deste modo, as primeiras ações deste Fórum tiveram lugar na ilha das Flores, entre 21 e 25 de junho, envolvendo cerca de 40 participantes, com dois ‘workshop’s de Iniciação à Horticultura Biológica e de Batidos Verdes, dirigidos a produtores e consumidores, ministrados por Avelino Ormonde, produtor com 28 anos de experiência em agricultura biológica nos Açores, na Biofontinhas – Terceira.
De seguida, o Fórum visitou a Graciosa, entre 16 e 18 de julho, abordando os temas Fruticultura e Viticultura, contando com a presença de 35 pessoas no ‘workshop’ de Pragas e doenças em Fruticultura Bio, dirigido a técnicos e produtores, ministrado por David Horta Lopes, Professor da Universidade dos Açores.
Decorreu, igualmente, o Seminário Fruticultura Biológica: Desafios e Potencialidades dos Açores, onde foram palestrantes David Horta Lopes, Professor da Universidade dos Açores, Raul Rodrigues, Professor da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima do Instituto Politécnico de Viana do Castelo e Manuel Moniz da Ponte, Técnico de Fruticultura e Apicultura com longa experiência em fruticultura nos Açores.
Realizou-se ainda o ‘workshop’ de Gestão de infestantes e Boas Práticas na Vinha Bio por Raul Rodrigues, Professor da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
A 20 de julho teve lugar na ilha Terceira o ‘workshop’ de Enxertia em Fruteiras Bio, que contou com um grupo de 16 participantes, a cargo do Professor da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Raul Rodrigues.
Entre os dias 21 e 24 de julho, o Fórum esteve na ilha do Pico, com o tema Viticultura Biológica, tendo sido realizadas diversas visitas técnicas a produtores e estruturas profissionais da área e um Seminário Vinhos Biológicos onde foram palestrantes Miguel Viseu, da Aphros-wine, abordando a temática da Viticultura Biológica – realidade e prática, André Pereira, da Agrobio e Quinta do Montalto, explanando o tema Vitivinicultura Bio – Evolução, constrangimentos e desafios para o futuro e ainda Filipe Fernandes, da Universidade dos Açores, incidindo na temática a Deteção Remota aplicada à Viticultura de Precisão – Aplicações, Benefícios, Custos e Oportunidades.
Para além das presenças em sala, os seminários foram transmitidos ‘online’ através dos canais das redes sociais Facebook e Youtube, permitindo levar a discussão a todos os que não puderam estar presentes ‘in loco’.
Ainda na ilha do Pico iniciou-se, no dia 24 de julho, o ciclo de Showcooking “Experimenta, É Bio!” com a participação das Food Bloggers Patrícia Cheio, Foodwithameaning e Sara Loureiro, HappylifeKitchen, acompanhadas por Miguel Bezerra, que cozinharam para cerca de 20 participantes uma alargada panóplia de alimentos biológicos maioritariamente provenientes de produtores Açorianos e outros produtores locais, seguindo-se um momento de degustação.
A segunda edição do showcooking “Experimenta, é Bio!” decorreu no dia 31 de julho, no Faial, contando com cerca de 50 participantes, encerrando a primeira fase do fórum que voltará em setembro com mais atividades em todas as ilhas dos Açores.
Desta forma, o Governo Regional, sustenta António Ventura, que tutela a pasta da Agricultura, “continua na defesa de que os agroalimentos Açorianos são, acima de tudo, um valor autonómico de grande relevância, pretendendo reposicionar os Açores no regresso da agricultura como uma nova atratividade económica e afirmar o seu caracter sustentável”.
Para tal, o Executivo pretende “autenticar territorialmente” o que a Região produz, por forma a que o conceito da naturalidade dos agroalimentos assuma um novo fator de competitividade de “nova geração”, tornando-se um fator de competitividade comercial e social.
Nesse sentido, a Secretaria Regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural tem por objetivo desenvolver, nos próximos quatro anos, novas dimensões produtivas, como é o caso da biológica.
É de salientar, ainda, que em janeiro deste ano, os Açores contavam com 150 produtores biológicos notificados e 1.277 hectares (192 em produção biológica e 1.079 em conversão).
Neste momento o arquipélago conta com 184 produtores biológicos, produzindo em todas as ilhas, ocupando uma área total de 2.376 hectares (1.069 em produção biológica e 1.307 em conversão), onde se destaca a área de pastagem com cerca de 1.766 hectares (676 em produção biológica e 1.090 em conversão).