Burro da Graciosa

Identificação da Entidade Gestora do Livro Genealógico

ACABAIG – Associação de Criadores e Amigos do Burro Anão da Ilha Graciosa

Presidente da Direção, Franco Cearolo

Caminho de Esperança Velha, n.º 14

9880-018 GUADALUPE – SANTA CRUZ DA GRACIOSA

E-mail: [email protected]

Informação Sobre a Raça

Origem

A origem do burro é bastante complexa, existindo algumas teorias que procuram esclarecer este facto.

A primeira de todas foi proposta por Darwin, conhecida como teoria monofilética (origem única) e citada por Salvans e Torrent (1959) e Aranguren (2002). Esta defende que as formas atuais dos burros derivam de um único tronco comum africano ao que Kronacher chamou Equus asinus taenihopus.

A teoria difilética de Sansão (1911) e Dechambre (1921) citada por Aparício (1960), Sotillo e Serrano (1985), Lorenzo (1997) e Yanes (1999), é partilhada por muitos autores. Esta defende a evolução das raças asininas actuais a partir de dois troncos ancestrais em que um corresponderia ao “burro africano comum” ou Equus asinus africanus, com o seu solar na Núbia e onde haveria dado origem às raças do norte de África; e o outro corresponderia ao “burro circum-mediterrâneo” ou Equus asinus europeus, sendo o seu centro de origem no litoral mediterrâneo. Os dois troncos diferenciam-se essencialmente pelas características osteológicas cranianas, sendo braquicéfalo o europeu (crânio com predomínio da largura) e dolicocéfalo o africano (crânio com predomínio do comprimento) (Adametz 1943). Para além das dimensões cranianas, também existem diferenças referentes a perfis, cor, tamanho e proporções corporais.

 

História e Evolução

Em Portugal existem duas populações de asininos (Fig. 1) fenotipicamente diferentes e que vão de acordo com a teoria difilética de Sanson (1911) e Dechambre (1921): o Burro de Miranda que apresenta características fenotípicas típicas do troco europeu: perfil reto, braquicefalia, porte elevado (mais de 1,20 m ao garrote) e pelagem escura; e o Burro da Graciosa que apresenta características fenotípicas típicas do tronco africano: perfil convexo, dolicocefalia, pequeno porte (menos de 1,20 m ao garrote) e pelagem clara com lista dorsal e outra transversal.

Burro da Graciosa

Burro de Miranda

A segunda teoria difilética é referenciada por Adametz (1943), Epstein (1984), Clutton-Brock (1987) e Camac (1989), e defende a existência de dois troncos ancestrais: uma forma pequena, o Equus asinus africanus citado anteriormente, e o outro de maior tamanho, de cor mais escura, sem crista dorsal, o burro da Somália, o Equus asinus somaliensis, que terá dado origem aos burros do sudoeste da Ásia e provavelmente à maioria das raças asininas Europeias.

Beja–Pereira et al (2004) defendem uma teoria difilética fundamentada na análise de DNAmt em que identificaram dois grupos altamente divergentes entre si: os burros selvagens Africanos (E. a. africanus e E. a. somaliensis) e os burros selvagens Asiáticos (Equus hemionus e Equus Kiang), e excluíram claramente os burros Asiáticos como progenitores dos burros domésticos sendo, provavelmente os Africanos, os ancestrais destes.

Existem também diferentes opiniões e teorias em relação à domesticação dos burros. Dados arqueológicos sugerem que o burro foi domesticado há 5000-6000 anos, ainda que não existam evidências sólidas de onde esta ocorreu (Martin 2006). Beja–Pereira et al (2004) concluíram que o centro mais provável da domesticação dos burros foi o Nordeste Africano.

 

Características e Aptidões

A Ilha Graciosa que era conhecida como a ilha dos burros, por ter suprido as ilhas circundantes destes animais, sendo hoje o centro das atenções dos que se interessam por estes. Através de uma seleção feita pela própria população da ilha ao longo do tempo devido às suas necessidades agrícolas, conservaram um grupo de asininos com características muito peculiares e próprias, conhecido como o Burro Anão da Graciosa. Este burro destacava-se pelo papel que ocupava na vida rural da ilha carregando ao lombo alfaias agrícolas, comida para o gado, produtos da agricultura, lenha, água e leite, para além de transportar homens, mulheres e crianças.

O Burro da Graciosa é caracterizado pela sua pequena estatura, a altura ao garrote é em média inferior a 105 cm. A sua aparência é proporcionada e equilibrada, resultando num conjunto muito harmonioso. Ainda que pareçam frágeis, são animais muito rústicos e resistentes. No que respeita à pelagem, estes burros apresentam predominantemente o tipo pardo-rata e ruça, frequentemente com carácter rodado. Todos os burros têm em comum o ventre e as extremidades dos membros deslavadas e são orlados de branco em redor dos olhos e nariz (boquilavado), verificando-se na grande maioria dos exemplares a presença da lista dorsal e transversal. O Burro da Graciosa é um animal extremamente manso, paciente e submisso, perfeitamente adaptado a solos vulcânicos e facilmente integrados no ecossistema da ilha.

Independentemente das mudanças dos tempos, uma coisa é certa, a presença do Burro da Graciosa, faz parte das raízes culturais da Ilha Graciosa, estando perfeitamente integrado na paisagem, tornando-a mais pitoresca, mais natural, mais sadia.

 

Padrão da raça

O burro da ilha Graciosa apresenta como característica original a sua altura reduzida (altura ao garrote atingindo em média 1,05 m).

No que respeita à pelagem, estes burros apresentam predominantemente a pelagem pardo-rata e ruça, frequentemente com carácter rodado. Há alguns animais cuja pelagem é castanha ou preta. Todos os burros têm em comum o ventre e as extremidades dos membros deslavadas e são orlados de branco em redor dos olhos e nariz (boquilavado).

Na grande maioria dos Burros Anões a lista crucial está presente, em especial sobre a pelagem pardo-rato. Já as zebraduras, com predileção pelos membros anteriores, são menos comuns do que a particularidade natural referida anteriormente, não deixando de ter uma predominância elevada nesta população de burros. Tanto quanto se pode aferir, todos os burros com pelagem pardo-rato tem as orelhas orladas de preto.

O chanfro tem perfil sub-côncavo em muitos espécimenes e reto noutros.

Apresentam uma particularidade natural pouco frequente nos asininos. Trata-se da presença de rodopios sediados no flanco e terço inferior da crineira, bilaterais. Também na cabeça se podem encontrar estas particularidades naturais.

O Burro da Graciosa pode ser caracterizado como um animal brevilíneo, de formato hipométrico, dolicocéfalo, com uma altura ao garrote que oscila entre os 99 e 116 cm e com peso compreendido entre 145 e 164 Kg.